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Anatomia da Paixão de Jesus de Nazaré


Anatomia da Paixão de Jesus de Nazaré

Roberto Malvezzi (Gogó)

O que fazer com uma pessoa que incomoda os donos dos poderes, seja qual for a época? A primeira tentativa é a cooptação, ainda mais se tiver popularidade.

Se não conseguir, vem a tarefa mais complexa de eliminar o incomodante. É preciso inventar um pretexto para condená-lo. No caso de Jesus “nós temos uma lei, ele se disse filho de Deus e quem se diz filho de Deus deve morrer” (João. 9,7).

As periferias do cristianismo


As periferias do cristianismo

Roberto Malvezzi (Gogó)

Encontro muitas pessoas que dizem não ir mais a uma missa. Não suportam o ritualismo vazio, tanto incenso, tanta indumentária e tão pouca sensibilidade humana e cristã. Outros se escandalizam com padres e leigos defendendo fascistas, tortura, pena de morte, execução sumária, vociferando contra os pobres e demais excluídos da sociedade. Inclusive, autoridades eclesiásticas pedindo – ou perguntando – se deve dar veneno de rato a um cantor.

Afinal, tinha um Nordeste no meio do caminho


Afinal, tinha um Nordeste no meio do caminho

Roberto Malvezzi (Gogó)

A ditadura de 64 deitou sua foice por todo território brasileiro. Entrou pela Amazônia em 1975, varreu no Nordeste as Ligas Camponesas e suas lideranças logo em 1964. Aqui no Vale do São Francisco pôs suas patas com a construção da barragem de Sobradinho, iniciada em junho de 1973, a primeira e devastadora grande obra do Regime Militar, com seus empresários e sua sociedade civil acompanhantes.

A RETALIAÇÃO DO LIXO


A retaliação do lixo

Roberto Malvezzi (Gogó)

São 332 barragens nas cabeceiras do Rio São Francisco. Cerca de 70% cheias de rejeitos da mineração. Basta estourar a de Congonhas do Campo, com rejeitos de metais pesados para minerar o ouro, que o Velho Chico estará morto por 100 anos, calculam especialistas da área.

Então, Brumadinho e Marianna, que não mandaram aviso, avisaram que estamos com uma barragem de rejeito amarrada em cada pescoço. Nós somos 18 milhões de pessoas no Vale do São Francisco, sem falar agora dos paraibanos que bebem também dessa água.

A ECOLOGIA INTEGRAL EXIGE DE NÓS UMA NOVA CULTURA DA ÁGUA


A ECOLOGIA INTEGRAL EXIGE DE NÓS UMA NOVA CULTURA DA ÁGUA

Entrevista ao IHU

  1. Para iniciarmos nossa conversa, você poderia nos contar como começou seu interesse pela questão das águas?

Por razões muito práticas. Vim morar no sertão da Bahia em 1980, com uma equipe, no município de Campo Alegre de Lourdes, diocese de Juazeiro, Bahia. Lá não tinha água potável. Não tem rios, nascentes, poços com água doce. A única água era a de chuva agasalhada em “barreiros”, que são buracos escavados no chão para armazenar a água da chuva. Essa água era a água dos bodes, das vacas, dos jumentos, dos porcos, dos animais selvagens, das famílias tomarem banho, fazer a comida e beber. Então, era aquele desastre socioambiental registrado nas músicas de Gonzaga, nas pinturas de Portinari, nos romances de Graciliano Ramos, nas poesias de João Cabral de Melo Neto.