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NA HISTÓRIA NINGUÉM RI POR ÚLTIMO


Na história ninguém ri por último

Roberto Malvezzi (Gogó)

O golpe conseguiu quase tudo que queria, mas três pontos fundamentais ainda não foram lacrados, como diz a juventude.

Um deles é a reforma da previdência. Talvez ainda consigam, mas não está fácil, porque mexe com os interesses dos eleitores desses deputados e senadores, além de parentes e amigos. Mas, a aprovação dessa perversão é fundamental para atirar as pessoas nos braços da previdência privada, pelo menos é esse o objetivo da proposta. Pessoalmente, tenho dúvidas que uma classe média mais pobre e endividada vá recorrer a planos de saúde cada vez mais caros e precários. Conheço pessoas que pagam planos caros e, na hora que precisou de uma cirurgia, teve que desembolsar alguns mil reais por fora para que o médico aceitasse fazer o que já estava pago.

Segundo, não está fácil o controle do processo eleitoral via inabilitação de Lula. A condenação parece pronta. A prisão talvez não. Portanto, a inviabilização eleitoral, por conta de recursos e outros mecanismos, não parece garantida. A carta na manga é essa espécie de meio presidencialismo que o Gilmar Mendes tirou da cartola. Em último caso, fazer de Lula rainha da Inglaterra. A verdade é que preso ou solto, vivo ou morto, Lula estará na eleição.

Terceiro, o golpe não conquistou o coração do povo. Por mais que a mídia tradicional se esforce, por mais que tentem destruir a imagem dos adversários, por mais que haja propaganda do golpe por quem dele se beneficiou, o povo rejeita o golpe e os golpistas.

Curioso, o povo prefere Bolsonaro a Alkmin, a Aécio, a Temer, a Meirelles “et caverna” (et caterva). A história costuma ser cruel com os traidores. Não é que essas pessoas tenham qualquer preocupação biográfica, eles só têm bolso. Entretanto, na história ninguém ri por último, todo mundo tem seu dia final.