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Padre Guilherme Mayer, o alemão sertanejo.


Padre Guilherme Mayer, o alemão sertanejo.

Roberto Malvezzi (Gogó)

Aos 83 anos, o Padre Guilherme Mayer, de Pilão Arcado-Ba, recebeu o título de “cidadão baiano” nesse dia 12 de junho de 2025. Foi uma iniciativa do deputado Zó, do PC do B.

Essas honrarias, não raras vezes, são apenas bajulações e interesses eleitoreiros. Porém, no caso do Pe. Guilherme, é um justíssimo reconhecimento do trabalho realizado ali durante décadas.

Guilherme veio da Alemanha, chegou à Pilão Arcado junto com sua equipe, Padre Bernardo e Ir. Diether – já falecido – no ano de 1978. Era época da relocação da cidade pela construção da barragem de Sobradinho. Ali já mergulhou no atendimento de uma cidade inteira que foi relocada antes de ter para onde ir. Ali também já estava a medida das dificuldades pastorais que iria enfrentar ao longo da vida.

Formado em enfermaria, enfermeiro de alto padrão, mergulhou pelas caatingas, pelos brejos, nas barrancas do Rio São Francisco. Andou de carro, de barco, em lombo de cavalo e jumento, e até a pé. Cuidou da população com hanseníase, construiu cisternas de captação de água de chuva, outras tecnologias, defendeu territórios das comunidades, chegava celebrar quatro missas por dia ao longo de mais de 150 comunidades espalhadas em um território de 11.597,936 km². Organizou as plantas medicinais, criou um laboratório para elas, atendeu o povo, num trabalho incansável. Dormindo pouco, caminhando muito, sempre acolhedor, apoiador das equipes pastorais, uma vida sempre simples e roupas simples, como ele gosta.

Agora já está mais retirado, já faltam as forças físicas para sustentar tantas atividades. Agora uma outra geração de padres mais novos banca os trabalhos. Então, quando o Zó propôs e bancou esse título de cidadão baiano para o Guilherme, o fez em nome de um reconhecimento justo por seu trabalho. Padre Bernardo, Campo Alegre de Lurdes, também merece esse reconhecimento. Eles foram decisivos na elevação do IDH de Pilão e Campo Alegre.

Fico mais uma vez com Papa Francisco, quando disse que muitas vezes temos que reconhecer o valor de cada pessoa que está ao nosso lado, ainda que dentro de seus limites. São esses santos do cotidiano. Ou, como disse Tolstoi, “onde está o amor, Deus aí está”.

Abraços solidários ao Guilherme, é uma graça de Deus caminhar com você, e tantos outros e outras, ao longo de quase 50 anos.