A fome a sede dos animais.
Roberto Malvezzi (Gogó)
Na longa experiência de vida aqui pelo Semiárido Brasileiro, sertão do Nordeste, sempre em equipe, vimos pessoalmente muita fome, sobretudo na década de 80. Ali, em Campo Alegre de Lourdes, na divisa com Piauí, na chamada seca de 79 a 83, nossos olhos viram a fome, a sede, as migrações, os saques, a mortalidade infantil e adulta, o sofrimento das mulheres para colocar uma lata de lama nos potes. Essa via-sacra era cotidiana e muitas vezes a água contaminada dos barreiros estava a uma légua – 6 km – distante de suas casas. Hoje, com as cisternas, as adutoras de porte pequeno e médio, com todas as políticas públicas, a sede mortal já não é mais um problema chave nesses fenômenos socioambientais macabros como naqueles tempos.