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Bolsonaro sempre escolhe um ministro pior que o anterior


Bolsonaro sempre escolhe um ministro pior que o anterior

Roberto Malvezzi (Gogó)

Quando tomou posse, Bolsonaro disse que sua meta era retroagir o Brasil em 50 anos. Então, para voltarmos a 1970, o regime teria que ser militar; teríamos que voltar a uma ditadura, com extermínio de pobres, indígenas, esquerdas e negros pelos Comando de Caça aos Comunistas e Esquadrão da Morte; com um AI-5 instalado; sem legislação ambiental; sem a Constituição de 1988; com um PIB de 42 bilhões de dólares; com uma população de cerca de 95 milhões de brasileiros. Única coisa boa, teríamos Pelé, Jair, Gerson, Tostão e Rivelino de volta aos gramados.

Não nos iludamos, substituir ministro nesse governo é como enxugar gelo ou fazer buraco na água. Para atingir seus objetivos deletérios, quanto pior o ministro, melhor a escolha.

Porém, 2020 não é mais 1970 e nem Bolsonaro e seus militares têm a máquina para retroagir a história. Esqueceram que hoje já não há mais uma Igreja Católica para referendar sua ditadura e, convenhamos, Malafaia, Edir Macedo, Valdemiro et caterva não têm mesma altura moral. Também a velha mídia, que tanto apoiou a derrubada de Dilma e a prisão de Lula, assim como o regime civil-militar de 64, não morre de amores por ele, embora morra por Guedes. A derrubada total dos direitos trabalhistas, previdenciários, o fim da educação pública, o congelamento do orçamento da saúde pública, não elevou em um tostão o PIB brasileiro. Pior, há um STF cumprindo seu papel depois que ameaçaram as filhas dos ministros e um Congresso assustado com Bolsonaro. Há muitos convertidos defendendo até a permanência do SUS.

Mas, por que Bolsonaro quer o caos? Essa questão ainda não está bem esclarecida, mas ela guarda relação com a aliança estratégica e subordinada (humilhante!) aos Estados Unidos, tomando partido contra a China. É a filosofia – ou astrologia – dos olavistas. Parece que Jair quer a desintegração do território brasileiro, excluir o Nordeste do Brasil, entregar a Amazônia e as riquezas nacionais para os gringos do Norte e reduzir o Brasil ao Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Delírio de nossa parte? Pode ser, mas há algum propósito mais sórdido de Jair nessa busca alucinada pelo caos que nossa vã sabedoria não consegue ainda alcançar.