100 milhões de árvores do MST
– um balanço de 2019 –
Roberto Malvezzi (Gogó)
Não temos nossos corpos cobertos pela fuligem das queimadas da Amazônia;
Não temos nossas almas cobertas pela lama de Brumadinho
Não temos nossas mãos sujas de sangue pelos índios, negros e guardiões da floresta assassinados ou pelas crianças mortas por balas certeiras atiradas a esmo pela polícia;
Não somos responsáveis pelos 24 milhões de subempregados e nem pelos 11,9 milhões de desempregados;
Não poluímos as praias paradisíacas do Nordeste com petróleo;
Não é de nossa responsabilidade o aumento de 4 milhões de pessoas em estado de miséria no Brasil;
Embora sejamos solidários e comprometidos com todos eles, esses males vêm de quem detém o poder no Brasil.
Perdemos na educação
Perdemos na saúde
Perdemos em segurança
Perdemos na cultura
Perdemos no bom senso
Mas, não perdemos nossa dignidade
São derrotas devastadoras,
Mas são derrotas da causa justa
Evitamos o AI-5 do General Heleno
Esvaziamos a licença para matar de Sérgio Moro
E o mundo inteiro sabe as qualidades do atual presidente
E milhões de brasileiros que votaram no atual governo, já não aprovam mais o presidente que elegeram.
A Articulação no Semiárido celebrou 20 anos com 1 milhão de cisternas para 4 milhões de pessoas;
Francisco realizou o Sínodo para a Amazônia ao contragosto das autoridades brasileiras;
Em 2020 vai realizar o encontro da “Economia de Francisco”;
Greta mobilizou o mundo contra as mudanças climáticas;
E o MST promete plantar 100 milhões de árvores onde o agronegócio derramou veneno, queimadas e desmatamento.
Sim, como dizia Paulo: “em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2 Coríntios 4:8-18)
A vida prossegue em 2020 e os ditadores são como a neblina que desaparece na manhã.