Bolsonaro não gosta do Brasil
Roberto Malvezzi (Gogó)
Um caso raro na história, um presidente que não gosta de seu país. Já na campanha eleitoral ele ofereceu capim aos nordestinos. Aquela propaganda já mostrava que sua estratégia eleitoral era explorar os piores sentimentos da alma brasileira, como o preconceito contra o Nordeste, os negros quilombolas, os indígenas, os pobres e a população LGBT. Como processo eleitoral deu certo. Porém, ninguém que tenha uma ética generosa faria campanha baseada em preconceitos tão medonhos. Portanto, além de uma estratégia eleitoral, havia ali um caráter, uma ética que desconhece qualquer ética.
Ao atacar novamente o Nordeste ele mostra que não gosta do Brasil como ele é, um país plural, diverso, com seis biomas, com uma população multicor, mas que continua sendo um país integrado, por mais que pareça um milagre. O normal é que tivéssemos nos dividido quando da independência – como se dividiu a América Espanhola – com tantos movimentos separatistas no Sul e no Nordeste. Até hoje prevaleceu a integridade nacional.
Porém, o atual presidente alimenta o caldo da desintegração nacional. Para ele o ideal seria destruir o Brasil como ele é, separar-nos. Porém, ele não sabe como fazê-lo. Então, alimenta o perigoso instinto do bairrismo, da classificação social e econômica, além de continuar explorando os porões macabros da alma brasileira.
É de se perguntar o que significa ele dizer que “vai governar a Amazônia com os Estados Unidos”. Será que ele pensa, inclusive, em entregar o território amazônico que está no Brasil aos Estados Unidos?
Talvez ele nunca consiga seus objetivos, mas mostra que não está só. Há muitos brasileiros que preferem viver de costa para seu país, embora rastejem para lamber os sapatos dos Estados Unidos. Nada contra aquele país e aquele povo, apenas estamos considerando a atitude humilhante de certa elite brasileira que se comporta e sustenta os ideais do atual presidente do Brasil.
O sonho do atual presidente do Brasil é viver nos Estados Unidos, com seus filhos e sua família, quem sabe um dia ser presidente daquele país. É o único país que ele efetivamente ama.