O FUTURO DA AMAZÔNIA PASSA PELAS ELEIÇÕES
Carta Aberta
Brasil, 16 de outubro de 2018.
Sem Amazônia não existe o Brasil, tal qual o conhecemos. São quatro os serviços que o bioma presta aos amazônidas, ao Brasil e ao resto do planeta.
1º- O ciclo das águas. Hoje, pelo conhecimento científico construído, são os rios voadores que vem da Amazônia que espalham as chuvas por todo território brasileiro, indo inclusive até ao Uruguai, Argentina e Paraguai. Sem a floresta para injetar mais água na atmosfera, esses rios voadores não se formam. Uma simples Sumaúma, árvore imensa da Amazônia, injeta cerca de mil litros de água por dia na atmosfera. Portanto, sem a floresta Amazônica o Sul e o Sudeste brasileiro, onde estão 70% da riqueza da América Latina, se transformam em um deserto.
2º- O ciclo do carbono. Cada árvore corresponde a toneladas de carbono fixado em sua estrutura. Quando uma árvore dessa é queimada ou entra em decomposição, esse carbono é liberado em forma de gás e vai reforçar o aquecimento global, contribuindo para a mudança do clima em todo o planeta.
3º- A mega diversidade. Cada metro quadrado da Amazônia tem mais biodiversidade que em qualquer lugar do mundo. Daí provêm alimentos fantásticos como o açaí, cupuaçu, castanhas, folhas, raízes, etc. Também vem os fármacos, as essências, os cosméticos, os óleos e outra quantidade incalculável de riquezas que a só a natureza pode oferecer. Trocar essa riqueza por mais algumas cabeças de gado, a exploração de minerais ou algumas toneladas de soja é uma loucura absoluta. Mas, ela pode se tornar real se um candidato for eleito.
4º- Os povos originários. Na Amazônia estão vários povos originários ainda remanescentes do grande genocídio que se abateu e se abate sobre eles até hoje. Eles nos preservaram o que ainda temos de riquezas naturais na Amazônia, a sua biodiversidade, além de nos mostrarem que é possível viver da natureza sem destruí-la. Papa Francisco insiste em ouvir essas populações originárias no Sínodo Panamazônico de 2019 em Roma. Portanto, a destruição da floresta é também o tiro final no coração das nossas populações indígenas remanescentes. Alertamos para propostas que são contrarias à vida e atingem diretamente aos povos originários.
Somos contrários à qualquer proposta que leve ao fechamento de órgãos públicos que
defendem os direitos que estão a serviço da defesa da vida e do planeta (Ministério do Meio
Ambiente, dos organismos de controle como IBAMA e ICMBIO), concessões de obras sem
licenciamento ambiental, enfim, uma lista infinita de agressões ao ambiente e aos povos que
podem se tornar realidade.
Toda essa riqueza fundamental está em jogo. Ou preservamos ou destruímos o que nos
resta. Os serviços prestados pela Amazônia são naturais e o conhecimento sobre eles é de ordem
científica, mas uma decisão política pode derrubar tudo que a natureza nos oferece em sua
infinita generosidade.
O futuro da Amazônia passa pelo voto nas eleições de 2018.
Assinam:
Daniel Seidel – Membro da Comissão Brasileira Justiça e Paz, assessor da REPAM-Brasil.
Francisco Andrade de Lima – Assessor da REPAM-Brasil.
Marcia Maria de Oliveira – Assessora da REPAM-Brasil e da Cáritas Brasileira. E Professora
da Universidade Federal de Roraima/UFRR.
Moema Miranda – Rede Igrejas e Mineração; Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e
Ecologia (Sinfrajupe); e Assessora da REPAM-Brasil.
Pe. Ari Antônio dos Reis – Assessor da REPAM-Brasil e Coordenador do curso de Teologia
da Faculdade de Teologia e Ciências Humanas – Itepa Faculdades.
Pe. Dário Bossi – Missionario Comboniano; Rede de Igrejas e Mineração e Assessor da
REPAM-Brasil.
Pe. Ricardo Castro – Diretor do Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior da Amazônia
– ITEPES; Professor de filosofia Faculdade Salesiana Dom Bosco- Manaus e Assessor da
REPAM-Brasil.
Roberto Malvezzi – Filósofo; Teólogo; Estudos Sociais; Escritor; Compositor e Assessor da
REPAM.