As boas coisas da paralisação dos caminhoneiros
Roberto Malvezzi (Gogó)
A cidade está um silêncio.
As ruas estão desertas, bicicleteiros e pedestres podem andar à vontade.
O ar está limpo.
Não há ruídos para perturbar nossos ouvidos
Não há gás na cidade, muita gente cozinhando com churrasqueira, panela elétrica, fogão solar.
Não há postos com gasolina e os carros estão nas garagens.
Começa faltar de tudo nos mercados e supermercados, mas os hortigranjeiros que vem do interior estão passando em nossas portas, também galinha caipira, bode fresco, peta, ovos, etc. Portanto, fome ainda não chegou por aqui.
Aqui é uma região produtora de hortigranjeiros, a exportação está bloqueada, prejuízos de 570 milhões de reais segundo a VALEXPORT. Em compensação, estamos comendo quase de graça as frutas de exportação que antes nem passavam pelo mercado local, como a banana de primeira que nunca se via por aqui.
Sabe que seria interessante aprender a lição e voltarmos a ter pomares nas chácaras, hortas nas casas, menos dependência de supermercado e dos shoppings?
Quem sabe dependermos menos de caminhões, com produções mais regionalizadas…
Quem sabe até pensarmos em ferrovias, trens com muitos vagões, apenas uma locomotiva, levando gente e mercadoria….
Quem sabe navegação de cabotagem pela longa costa brasileira, abastecendo grande parte de nossas cidades litorâneas…
Quem sabe mais energia solar produzida pelo povo, também eólica e assim menos dependência de combustíveis fósseis…
Quem sabe chegue a hora que não precisemos mais de petróleo – esse poluidor do ar, que colabora com o aquecimento global – e possamos viver de energias limpas. Como gorjeta nos livraríamos dos Pedros Parentes e dos analistas do mercado.
Quem sabe uma civilização menos predatória, menos consumista, mais sustentável, mais humana e realmente agradável de se viver…
Olha, esse paraíso nem parece tão impossível….
OBS: Escrevo a partir do dipolo Juazeiro-Petrolina