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Livros


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Mil quatrocentos e sessenta dias no império do sol

Estou lançando em forma digital o livro “MIL QUATROCENTOS E SESSENTA DIAS NO IMPÉRIO DO SOL” (4 anos na seca e nas CEBs do sertão) que escrevi de 1980 a 1984, vivido naquela grande seca, no município de Campo Alegre de Lourdes, sertão da Bahia. É um livro de crônicas, registrando os fatos do cotidiano há 30 anos. A segunda parte é uma reflexão sobre o que vivíamos.

Era uma época fantástica na Igreja e na sociedade e nós éramos uma equipe vinda do sudeste para o sertão. Portanto, uma visão de quem chegava de fora. A grande ebulição das comunidades eclesiais de base, a Teologia da Libertação, a Igreja encarnada, o fim do regime militar, as greves do ABC, o surgimento do PT na Bahia a partir do sertão, o andamento das obras faraônicas do regime militar (Barragem de Sobradinho), as lutas sindicais, o deslocamento de 72 mil pessoas, área de segurança nacional, tudo faz parte de seu conteúdo.

Mas, principalmente, o registro da crueldade humana, da sede, da fome, das migrações, das frentes de emergência, da mortalidade infantil, da manipulação das pessoas em função do poder, enfim, da reação do povo desesperado pela falta dos elementos básico da vida: água e comida.

Esse livro teve apenas uma edição pelas Paulinas em 1985 (Paulus) e nunca foi reeditado. Entretanto, nos últimos anos, vários sites, sobretudo em inglês, colocam o livro como “Best buy” (indicação de um bom produto a ser comprado), só que o livro não existe mais. Então, graças às novas tecnologias e a boa vontade de um filho, foi digitalizado e convertido em PDF.

Para quem está vivendo a seca atual, sobretudo para os interessados na questão do semiárido, está aí o que vivemos naquela época. Dá para entender o que superamos, o que ainda estamos longe de vencer. Para ilustrar, transcrevo o registro de um saque na cidade de Campo Alegre, em Dezembro de 1984.

197 páginas

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SEMI-ÁRIDO Uma Visão Holística

Uma das dificuldades maiores no debate sobre a transposição do rio São Francisco é deparar com pessoas que ainda tem uma velha e obsoleta visão do que seja o semi-árido brasileiro. Normalmente essas pessoas repetem argumentos da velha indústria da seca e consideram o semi-árido como uma “região feia, seca, inviável, cujo problema central é a falta de água”. As pessoas repetem a esmo essas afirmações, sem se darem conta que estão apenas repetindo o velho discurso das oligarquias nordestinas, que sempre construíram seu poder a partir da sede e da fome do povo. Por isso, muitos artigos publicados em defesa da transposição não tinham sequer o conhecimento básico sobre o semi-árido para um diálogo construtivo.

Bem, aí é nosso dever, já que estamos envolvidos e defendemos outras propostas para o sertão. Temos perdido essa guerra para o rolo compressor do governo e seu marketing, mas também temos ampliado a difusão de nossas propostas. O governo tem pago e vai pagar um alto custo, inclusive eleitoral, por sua opção.

Há uma nova concepção do semi-árido, antagônica ao velho discurso das oligarquias, que traduz o confronto mortal entre dois modelos. A nova concepção do semi-árido – que chamamos de convivência com o semi-árido -começa de seu rico potencial. Essa região tem uma excelente pluviosidade – em se tratando de semi-árido -, com uma média anual de 750 mm que caem sobre um território de quase um milhão de Km2. Significa a precipitação de praticamente 750 bilhões de metros cúbicos por ano. Temos infra-estrutura para armazenar apenas 36 bilhões de metros cúbicos, ou seja, apenas 5%. Portanto, fundamento número um, teremos que ampliar a malha de captação dessa água em reservatórios que não permitam sua evaporação.

140 páginas

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